sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Trigésimo oitavo

"Anda prá mesa" ouve-se no andar. Boca fechada, olhos molhados, silêncio. Senta-se, espera e começa a comer. Vai-se falando da vida. Um corte daqui, um aumento dali, serve de melodia de fundo. Garfada a garfada, opiniões se discutem, gostos se falam e o vazio mantém-se. Nem uma palavra. O olhar penetrante de mãe para cria, tenta perceber o interior. Nada. O controlo para não se desfazer em lágrimas é tanto, que nem o alimento sente. Cansaço, dizem. Sim, também. Piadas lançadas ao ar, mas a gargalhada está morta. Enjoos matinais e dores de cabeça, começam a dar os seus sinais de vida. Sim, parece que o (co)lapso está perto. Mais uma vez, fica estático a olhar, na esperança de "movimento". São minutos de desespero. Uma mesa, dois cafés, dois cigarros, uma noite longa. Vão-se soltando as experiências, ou não, da distância. Como é possível sentir isto? Como bebé que chora pela mãe, assim estou por ti.


Se fosse como nos filmes, um "preenchimento" vinha ao ver um sorriso coberto de dentes de leite.

1 comentário:

e?