quarta-feira, 30 de junho de 2010

Quinto

Não foi hoje. Se controlasse o tempo, se controlasse as vontades, se adivinhasse o futuro, provavelmente teria sido hoje. Como não consigo, limito-me a contornar esses "entraves" e a tentar realizar-me. Esse dia provavelmente chegará. Provavelmente? Não. Irá mesmo chegar. Não sei se estarei pronto. Será algo diferente. Algo novo. Algo inesperado. Algo bom? Não sei. Comigo terei Florence e pouco mais. Choque. Acho que é a primeira palavra que me vem à cabeça ao pensar nisso. Mas também não estranho. Afinal de contas não é o "normal". Nada de outro mundo para alguns, abismal para outros. O que esperar? Não sei. É estranho o que sinto. Parece que gosto. Parece. Não tenho certezas. Só quero chegue e que seja bom.

Se fosse como nos filmes, teria certeza daquilo que sinto e seria feliz.

domingo, 27 de junho de 2010

Quarto

Foi o dia dela. Foi o dia da das pipocas, sapatilhas e gomas (sapinhos). Estava a precisar. Já sentia falta. Por momentos parecíamos adultos. "Como vai o curso? Fizeste tudo?". Nunca perguntávamos isso porque estávamos sempre juntos. Sentámo-nos e começamos a falar. Tudo o que vinha à cabeça era assunto para discussão. Discussão saudável. Apeteceu-me chorar. Chorar mas de alegria. Sentia falta daquilo. Apeteceu-me abraçá-los e dizer-lhes quão falta faz amigos como eles. Mas era o dia dela e não ia estragar com patetices. Comemos e voltamos a falar. UNO pelo meio e mais uma discussão. Vimos fotos, discutimos beleza e rimo-nos. Para acabar (ou começar) em grande, saímos. Não gosto muito daqueles locais e nunca hei-de gostar, mas era o dia dela. A julgar mal, acabei por me divertir imenso com todos eles.

Como nem sempre é mau, desta vez foi como nos filmes.

sábado, 19 de junho de 2010

Terceiro

Porque é que é assim tão difícil? Porque que é que não dizemos o que queremos, e somos. Porque que é que há competição? Porque é que há desilusões, lágrimas, raiva e suicídio?
Passasse por tanto. Choramos, ficamos sós, mas apesar de não ser o nosso sonho, continuamos. Conhecemos alguém, mas não chega. Queremos desistir. Choramos outra vez. Trocamos. Choramos, conhecemos alguém, gostamos, continuamos a conhecer e gostamos mais. Apesar de, novamente, não ser o que queríamos, continuamos. Vemos coisas que nunca pensamos que fossem acontecer, visto que estamos num mundo de adultos. Tristeza. Com toda essa roda de fortes emoções, chega o fim. Uma nova oportunidade surge. E agora? Que faço? Passei por tanto . . . E se volto a não gostar? E se me arrependo por não ir? E se entro? Ou pior, se não entro? Pior? Como sei, nunca tentei. Vês? É difícil.

Se fosse como nos filmes, dizia, acontecia e sorria.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Segundo

Eram quatro. Quis o destino juntá-los há 13 anos. Sim, 13 anos. Sabiam tudo sobre cada um. Gostava de chocolate, basquetebol, teatro e relógios. Ela, gostava de pipocas, cinema, roupa e ténis. Ele, gostava de basquetebol, sapatilhas, café e jogar. Ela, gostava de relógios, roupas, sapatilhas e cinema. Mas principalmente, gostavam uns dos outros. Eram como irmãos. Conheciam-se na perfeição. A típica discussão, o típico atraso, a típica "estupidez" (no bom sentido) ou a típica mesquinhez. As séries . . . Ai as séries. Quantas discussões não tiveram na viagem por causa das séries? "Anatomia é melhor.""Oh, mas ela morre no final". "E o sobrenatural?". Faziam planos para estarem juntos. Lanches, cinema, sair à noite, poker, monopólio, jogos no polidesportivo. Contudo, o derradeiro PLANO já vinha há muito a ser traçado. "Vamos morar juntos. Vai ser tão giro. Tu cozinhas, eu lavo a loiça, ela limpa e ele arruma a casa". Passaram meses a pensar na decoração, em animais de estimação e em actividades para fazerem juntos. Mas no meio de tantos sonhos, a realidade fez-los poisar os pés no chão e encarar a verdade. Nenhum deles ficou com um amigo. Todos separados, um para cada lado. Um sonho novamente arruinado. Ficaram sempre unidos, não em presença, mas em sentimento.

Sim , porque 13 anos não são 13 dias (L.A)

Se fosse como nos filmes, ficariam juntos na mesma casa e seriam felizes.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Primeiro

Sempre foi dos melhores. Fazia desporto, tocava piano, estudava ciências e o seu sonho era ser médico. Conseguiu ter uma média bastante boa que lhe dava muito bem para realizar o seu sonho. Faltava o pior. Exames. Nervos, uma "branca", a mínima coisa poderia arruinar um desejo. Chega o dia. Todo o seu corpo estava a tremer. Não tomou o pequeno-almoço, pois a simples colher com cereais na boca provocava-lhe vómitos. Entrou no carro e foi toda a viagem calado. Chegado à escola a mãe disse-lhe "Boa sorte. Vai correr tudo bem". Saiu, fechou a porta e sorriu para a mãe. Passou o portão e sentou-se nas escadas à espera da hora. Esperou 45 minutos. Nesse tempo, tudo lhe passou pela cabeça. "E se bloqueio? E se não souber responder? E se for difícil?" Toca a campainha. Um amontoar de gente dentro da escola à procura da sua sala e ele concentrado nos seus pensamentos. Passada a confusão e já dentro da sala, alinha as canetas, olha para o BI e ri-se. Riu-se, porque a foto já era antiga. Tinha tirado no 8ºano. Tinha o cabelo comprido, roupas largas e um "sorriso aflito". "Fotos do 8ºano. Ao que éramos obrigados", pensou ele. De repente, um bloco de folhas é pousado na secretária. O bater do papel na mesa, corta todo o pensamento de felicidade. Era o exame. Abriu o bloco, inspirou fundo e começou a escrever.
Passado um mês, os resultados são afixados. Estava tão ansioso para ver o resultado, que mal dormiu à noite. Foi o primeiro a aparecer na escola para saber se o seu sonho seria concretizado. Colocou o indicador no vidro da montra e começou a percorrer os nomes da lista. Eis que surge o seu nome. Percorre a linha com os seus dados e dados do exame até que chega à nota. Fica o silêncio na sala. O único ruído que se ouviu, foi o de uma gota de água a cair no chão. Era uma lágrima. Não chegara. O seu sonho estava arruinado. O seu desejo não se podia concretizar. Sentou-se no chão, coberto de lágrimas, ficou o resto do dia sentado a pensar na sua vida . . .

Se fosse com nos filmes, teria entrado em Medicina e seria muito feliz.