sábado, 15 de janeiro de 2011

Vigésimo sexto

Palmas! Quantas vezes não foi proferida essa palavra . . . Em meio de farsa, a sociedade é "despida" e exposta génios do disfarce. São momentos curtos. Curtos para denunciar todo o enredo de cinismo e falsidade que por aí reina. São tantos os sorrisos que espalham. É tanto o "bem-estar" que lançam. É tanta esperança em vão. Abriu-se a cortina. Silêncio! Com os olhos bem postos, começa o desenrolar de uma crítica. É vergonha para uns, é riso para outros ou então é mesmo "ao lado".
Por pertencerem (ou estarem indevidamente) num patamar acima, são "Reis". Quantas vezes não passou pela cabeça de um simples homem do fundo da pirâmide, revoltar-se e voltar ao que foi deixado pelo supremo poder? Quantas vezes não pensaram que o seu animal de estimação faria qualquer coisa melhor? Ou quantas vezes foram acendidas discussões à sua custa?
Novamente refiro a mudança. Novamente repetimos o ciclo que todo mundo parece ter medo de romper. Não sei é medo ou se é mesmo impotência. . .


Se fosse como nos filmes, um estrondo no meio da multidão seria uma solução.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Vigésimo quinto

Estes dias . . . Deixam-nos sem tempo, cansados, desanimados . . . Durante mais uma maratona de estudo, teve de imprimir uns documentos. Foi ao escritório e sentou-se na secretária. Não ouvia nada mais que o repetitivo barulho da impressora a puxar e lançar papel numa correria. Entretanto, olhou em frente e viu o armário com as coisas de outros anos. Coisas passadas. Abriu uma gaveta e viu um amontoado de fotos. Pegou numa delas, virou e estava escrita. "Diogo, nove anos". Era a letra da mãe. Nove anos. Nove anos. Onde estão? Como passa tão rápido e não nos apercebemos. Nisso, surge-lhe uma imagem na cabeça. Era um grupo de crianças. Estavam em fila, no cimo de uma estrada, cada um com a sua bicicleta. Eram eles. As tardes e tardes passadas com o guiador na mão a fazer competições "do nada", prémios, vencedores, brincadeiras sem sentido. Brincadeiras. Veio a melancolia da infância. Eram os melhores dias. Os dias que se passavam na rua, juntos, a pensar como seria quando fossem "grandes". Os dias que passavam a sorrir. Os dias que passavam tão rápido. Os dias que passavam com berros de um lado para o outros. Entretanto surge-lhe outra imagem. Desta vez, era numa escola. A sala. O quadro de giz. Os lugares marcados com um simples papel riscado com nomes. A professora. Os colegas. O intervalo que estavam juntos a . . . Um barulho. Era a impressora que acabara de imprimir um rol de folhas. Volta-se. Pousou a foto, fechou a gaveta, agarrou no monte de folhas e desceu . . .

Se fosse como nos filmes, a sensação de "eterna criança" seria algo que se manteria durante anos. Vários. Todos.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Vigésimo quarto

Temos a mãe, o pai, a avó, o avô, o tio, a tia, o primo, a prima, uma linda e grande árvore genealógica. Mas . . . qual deles me conhece melhor? Qual deles sabe quando estou bem? Qual deles me ouve quando estou mal? Qual deles sabe os meus segredos?
Entre mensagens e chamadas, vamos sempre falando e desabafando. Rimo-nos, choramos, chocamos, "cuscamos". . . A troca de vidas é uma acção tão natural que nem nos apercebemos. E os problemas? Sempre que os temos, a quem ligamos? A quem recorremos? Amizade. Amigos. Onde ficam eles nessa grande quantidade de ramos e ligações? Provavelmente, as pessoas mais importantes. Um abraço, um beijo, um toque. Por aqui, dizem que somos muito "bonitinhos". Parece que já não se pode ter amigos verdadeiros. Criticam, falam, espalham. Mas no fim de tudo, rimo-nos e continuamos (juntos). Este ano, está a ser totalmente programado. Agenda. Férias com eles, noites com eles, karaoke com eles, compras com eles. Tudo verdadeiro. Tudo sentido. Tudo junto. Tudo eles . Tudo amigos.


Se fosse como nos filmes, seríamos "Grease". Unidos e felizes (como realmente somos).