terça-feira, 29 de novembro de 2011

Trigésimo nono

Pega num copo! Sim, pega lá nele. Toca nele, sente a sua textura, descobre a sua origem. Olha para ele, vê-te nele, ri-te, faz caretas. Agora levanta-o acima da tua cabeça. Eleva-lhe o ego. Fá-lo sentir único. Como se fosse o único copo desejado, o único capaz de te realizar. Já está? Pronto, deixa-o cair. Sem receio, sem pensar. Como se ele nunca te tivesse matado a sede, como se ele nunca estivesse lá quando precisasses. O estrondo quebra a conversa. Partiu. Vê bem como ele está. Tens noção como está em pedaços, espalhados pelo chão. Não te acanhes agora. Calca. Sente o estalido de cada fragmento. Agora pede desculpas. Pede desculpas e vê se ele cola!


Se fosse como nos filmes, a cola evitava-se, palavras continuavam e acções mantinham-se!

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Trigésimo oitavo

"Anda prá mesa" ouve-se no andar. Boca fechada, olhos molhados, silêncio. Senta-se, espera e começa a comer. Vai-se falando da vida. Um corte daqui, um aumento dali, serve de melodia de fundo. Garfada a garfada, opiniões se discutem, gostos se falam e o vazio mantém-se. Nem uma palavra. O olhar penetrante de mãe para cria, tenta perceber o interior. Nada. O controlo para não se desfazer em lágrimas é tanto, que nem o alimento sente. Cansaço, dizem. Sim, também. Piadas lançadas ao ar, mas a gargalhada está morta. Enjoos matinais e dores de cabeça, começam a dar os seus sinais de vida. Sim, parece que o (co)lapso está perto. Mais uma vez, fica estático a olhar, na esperança de "movimento". São minutos de desespero. Uma mesa, dois cafés, dois cigarros, uma noite longa. Vão-se soltando as experiências, ou não, da distância. Como é possível sentir isto? Como bebé que chora pela mãe, assim estou por ti.


Se fosse como nos filmes, um "preenchimento" vinha ao ver um sorriso coberto de dentes de leite.

domingo, 13 de novembro de 2011

Trigésimo sétimo

Introspecção, não definida.
Vazio? Tristeza? Talvez.
Mais uma vez, não é? Sim!
Não te tinha avisado? Sim!
Então? Não conseguia, foi tudo tão gradual e bom. Parecia que sim, que era desta.
Tens a certeza? Não, talvez seja só filme da minha cabeça, ou então não.
Que fazes? Choro...
Oh

Eu sei, é sempre a mesma coisa.


Se fosse como nos filmes, estaríamos agarrados, só eu, tu e Bon Iver de fundo.