segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Quadragésimo

É, é estranha a forma de amar. É estranho como o amor passa a ódio. Como é que os opostos conseguem se aproximar tão facilmente? Não há conversa. A presença começa a tornar-se estranha, ou melhor, indiferente, daí, estranha. Distância! Essa maldita que me dá sempre o gosto de mostrar uma lágrima. Ora de prazer, ora de sofrer.
Despertaste qualquer coisa. Mas mudou. Oh, se mudou. Crescemos todos. Conversas sérias, actos correctos. Agora? Pequenas coisas de criança que amua. Pequenas? Fecha os olhos e sorri. Claro!


Se fosse como nos filmes, o "para sempre" era, de facto, até ao fim. Sorri, continua.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Trigésimo nono

Pega num copo! Sim, pega lá nele. Toca nele, sente a sua textura, descobre a sua origem. Olha para ele, vê-te nele, ri-te, faz caretas. Agora levanta-o acima da tua cabeça. Eleva-lhe o ego. Fá-lo sentir único. Como se fosse o único copo desejado, o único capaz de te realizar. Já está? Pronto, deixa-o cair. Sem receio, sem pensar. Como se ele nunca te tivesse matado a sede, como se ele nunca estivesse lá quando precisasses. O estrondo quebra a conversa. Partiu. Vê bem como ele está. Tens noção como está em pedaços, espalhados pelo chão. Não te acanhes agora. Calca. Sente o estalido de cada fragmento. Agora pede desculpas. Pede desculpas e vê se ele cola!


Se fosse como nos filmes, a cola evitava-se, palavras continuavam e acções mantinham-se!

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Trigésimo oitavo

"Anda prá mesa" ouve-se no andar. Boca fechada, olhos molhados, silêncio. Senta-se, espera e começa a comer. Vai-se falando da vida. Um corte daqui, um aumento dali, serve de melodia de fundo. Garfada a garfada, opiniões se discutem, gostos se falam e o vazio mantém-se. Nem uma palavra. O olhar penetrante de mãe para cria, tenta perceber o interior. Nada. O controlo para não se desfazer em lágrimas é tanto, que nem o alimento sente. Cansaço, dizem. Sim, também. Piadas lançadas ao ar, mas a gargalhada está morta. Enjoos matinais e dores de cabeça, começam a dar os seus sinais de vida. Sim, parece que o (co)lapso está perto. Mais uma vez, fica estático a olhar, na esperança de "movimento". São minutos de desespero. Uma mesa, dois cafés, dois cigarros, uma noite longa. Vão-se soltando as experiências, ou não, da distância. Como é possível sentir isto? Como bebé que chora pela mãe, assim estou por ti.


Se fosse como nos filmes, um "preenchimento" vinha ao ver um sorriso coberto de dentes de leite.

domingo, 13 de novembro de 2011

Trigésimo sétimo

Introspecção, não definida.
Vazio? Tristeza? Talvez.
Mais uma vez, não é? Sim!
Não te tinha avisado? Sim!
Então? Não conseguia, foi tudo tão gradual e bom. Parecia que sim, que era desta.
Tens a certeza? Não, talvez seja só filme da minha cabeça, ou então não.
Que fazes? Choro...
Oh

Eu sei, é sempre a mesma coisa.


Se fosse como nos filmes, estaríamos agarrados, só eu, tu e Bon Iver de fundo.

sábado, 29 de outubro de 2011

Trigésimo sexto

Chove! Chove e faz vento! Chove, faz vento e está frio! Abro o guarda-chuva e "desligo-me". Caminho na calçada velha, gasta, usada, e observo. Um sorriso, um casal, uma conversa casual ocupava o vazio da rua. Uma pedra, uma folha, uma pena. Uma perda! A água fria que batia nas pernas, fazia-me acordar deste enrolar. Sim, nada é para sempre, mas então, de que vale ganhar? Felicidade, dizem. De que vale lutar? Acabamos por sofrer. Deve ser do tempo, ou então do cansaço, ou então sou eu mesmo. Não sei! Não me sai da cabeça. Vai ser um longo e demorado percurso. Mantêm-te, por favor. Não fujas, não vás, não me deixes, não me magoes. Era o colapso e desta vez, destruía-me!


Se fosse como nos filmes, rasgaria o peito, abriria o coração e repartia este amor!

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Trigésimo quinto

Estou perdido! Não é isto, não é nada disto. Quero dormir e não acordar. Seria cobardia não enfrentar os problemas, mas não aguento. Dia após dia, destroem-me. Animar? Não consigo, simplesmente, deixo andar.


"A vida é uma doença sexualmente transmissível"

Não, desta vez, não é como nos filmes!

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Trigésimo quarto

Sim, é meu! Sim, também é segredo, mas apeteceu-me dizer-te. Como a vida te pode pregar partidas e tu, sem contar, cais nelas. Já a Alanis Morissette o dizia, e é tão verdade. ("isn't it ironic?"). Uns dias a chorar, outros dias a sorrir. Nunca te perguntaste porquê? Pois, tal como eu, não sabes! Será que existe mesmo alguém "lá em cima" que controla as nossas vidas como bonecos? Alguém que decide quando ser feliz, quando sofrer. Ai, é absurdo, mas, por vezes, dou por mim a olhar para o céu e a procurar resposta. E não, nunca me responde! Serei pecador por amar?

Ou talvez, por pensar ser amado!


Se fosse como nos filmes, seria a luz! Sim, a luz que te iria pedir para procurares, quando o meu corpo enfraquecer!

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Trigésimo terceiro

Às vezes gostava de ser "normal". Às vezes gostava de ser diferente. Às vezes gostava que tudo fosse diferente. Às vezes gostava de ser o cá e não o lá. Às vezes gostava de não ter coração. Outra vezes, não! Às vezes gostava de parar. Às vezes gostava de ter coragem. Às vezes gostava de te ter. Às vezes gostava de ti. Às vezes, sim, às vezes. Às vezes gostava que visses isto. Às vezes gostava que chorasses. Às vezes gostava que gritasses. Às vezes gostava que te olhasses. Às vezes gostava que pensasses. Às vezes gostava que olhasses para o passado. Às vezes gostava que visses o futuro. Às vezes, porque sou assim, um acumular de pequenos "intervalos emocionais"!


Se fosse como nos filmes, todo o acumular de intervalos, espaços, faltas, seriam unidos, um só. Só início e fim!

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Trigésimo segundo

Não, não fui eu! A culpa não é minha. Mas então porquê? Será sempre assim?
"Quanto maior a subida, maior a queda!" E bem que o sei. Não dá para aguentar. A vontade de acordar é pouca, mesmo pouca. Esperança é o que me faz levantar todos os dias. Esperança de que vai ser melhor. Esperança que vai mudar. Esperança de que me vai fazer sorrir. . . Não consigo entender. Tento "desligar-me" do mundo e a única coisa que vem, são lágrimas. Por favor, não quero passar pelo mesmo!

"I really fucked it up this time, didn't I my dear?" Explica-me!


Se fosse como nos filmes, seria um hall, a chuva e o consolo.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Trigésimo primeiro

O tilintar dos dedos nas cordas, as vozes roucas e expectoradas, o frio que se começa a fazer e o vazio, foi propício. Futuro! Noite, escuro, e as vozes que tentavam acompanhar, libertavam emoções. Felicidade? Sim, talvez. Por outro lado, a tristeza ao olhar para o céu estrelado fazia pensar no que viria e no que havia de mudar. Muito. Oitava acima, oitava abaixo e a cabeça cheia de ideias. É um mundo novo, pessoas novas, ambientes novos . . . outra mentalidade. Sinto cada vez mais a ficar sem espaço. Calma, são só trezentos e sessenta e cindo dias. Trezentos e sessenta e cinco dias com as mesmas caras, o mesmo espaço, o mesmo tema, os mesmos olhares, as mesmas "bocas".

Querido dois mil e onze, por favor, espero que leias isto!


Se fosse como nos filmes, estaria num café, no "centro", sorrindo, em vez de estar de volta destas teclas gastas de desabafos!

domingo, 12 de junho de 2011

Trigésimo

Não consigo! De tantas vezes que abusei, desabafando, não me sai. Eu tento, mas não dá. É estúpido, porque houve mudanças, mas mesmo assim . . . Será um sinal? Sinto uma barreira. Invisível, mas forte. Apetece rasgar o peito e libertar. Devem estar lá todas apertadinhas, mortinhas por sair. Pelo menos eu sinto.
Uma nova época vai começar. Novas presenças virão. Novos tempos serão.


"A distância mais longa é aquela entre a cabeça e o coração". Isn't it ironic?

Se fosse com nos filmes . . . Se fosse? sorri agora . . .

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Vigésimo nono

Queres sair? Queres ver como a lua é mais pequena que os nossos polegares? Queres ver como são engraçadas as formas que as estrelas fazem? Queres deitar-te a meu lado na relva? Queres dar-me a mão? Queres ouvir como são lindos os sons da natureza? Queres sentir a brisa nocturna na cara?
Queres?
Credo, como tudo é complicado.
Está a chegar o calor. São as "eternas termináveis" paixões a saltar. São infinitas declarações de amor, levadas com a chegada do frio.
Acho que percebo o porquê de pouca gente gostar do Inverno. Parece um repelente. Acho que poderia dizer "e 'tudo' o Inverno levou".
Para sempre, vai ser para sempre. Junho, Julho, Agosto. A culpa é do calor, do sol. Altera as hormonas e torna-nos seres irresponsáveis de sentimento. Desculpa. . . Desculpa?!
Sim, quero sair. Quero ver a lua. Quero ver as estrelas. Quero a relva e a tua mão. Quero a brisa. Quero amor!

"Uma vida sem amor, é como um ano sem Verão."

Se fosse como nos filmes, a vida não passaria das t-shirts e calções.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Vigésimo oitavo

Acreditas no amor à primeira vista? Não! Foi o que me disseram. Quantas vezes não vi aquelas trocas de olhares entre os casais que depois acabariam juntos enquanto nós gastamos mais um lenço ao assistir? É nesse momento, que toda a tua crença cresce. Começa um desenrolar de ideias, desejos, futuro(s). Um mero encontro no parque. Depois, por ironia do destino, o seu lenço voa para perto do outro. Corre para junto dele e trocam o olhar durante minutos. Parece que o tempo pára. Voltam a encontrar-se, passeiam e beijam-se. E pronto, clichê!
Atracção, foi o que se seguiu ao "Não!". "Não acredito. Não é com a troca de olhares que se apaixonam. Têm sim, atracção. Aquilo que sentes por uma pessoa, que te desperta interesse, que faz com que não consigas deixar de olhar. Hipnotiza."
Talvez sim, talvez.
Não me importava de gastar todos os lenços do mundo a alimentar aquela "ilusão" se no final, fosse mesmo verdade.


Se fosse como nos filmes, "pause" nos olhares para sempre!

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Vigésimo sétimo

Meses. São meses que passam e parece que tudo continua na mesma. Foram tantas coisas que aconteceram, tantos sentimentos que passaram e parece que voltamos ao início. Já esteve completamente só, sofreu, chorou, como já esteve repleto, alegre, "brilhante". E agora? Esta estranha sensação de nada. Não é um vazio, mas . . . Já disse e repito (por agora) que, por vezes, era preferível não ter sentimentos. Como seria se pudéssemos escolher quando devíamos sentir ou não? Poderiam brincar com os sentimentos, como tanto gostam de fazer e nada acontecia. Imparcialidade. Nada, nada, nada. . . Uma vez disseram-me, que o que nos distingue uns dos outros, são os sentimentos. De que vale ser aquela pessoa que sente, com coração, se no fim, acabamos por ficar pior? Somos sempre os que ficam mal. Melhor que não ter sentimentos, era um "filtro" para escolher as pessoas. Oh, difícil realidade!


Se fosse como nos filmes, aquele vazio estaria demasiado ocupado para meros desabafos.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Vigésimo sexto

Palmas! Quantas vezes não foi proferida essa palavra . . . Em meio de farsa, a sociedade é "despida" e exposta génios do disfarce. São momentos curtos. Curtos para denunciar todo o enredo de cinismo e falsidade que por aí reina. São tantos os sorrisos que espalham. É tanto o "bem-estar" que lançam. É tanta esperança em vão. Abriu-se a cortina. Silêncio! Com os olhos bem postos, começa o desenrolar de uma crítica. É vergonha para uns, é riso para outros ou então é mesmo "ao lado".
Por pertencerem (ou estarem indevidamente) num patamar acima, são "Reis". Quantas vezes não passou pela cabeça de um simples homem do fundo da pirâmide, revoltar-se e voltar ao que foi deixado pelo supremo poder? Quantas vezes não pensaram que o seu animal de estimação faria qualquer coisa melhor? Ou quantas vezes foram acendidas discussões à sua custa?
Novamente refiro a mudança. Novamente repetimos o ciclo que todo mundo parece ter medo de romper. Não sei é medo ou se é mesmo impotência. . .


Se fosse como nos filmes, um estrondo no meio da multidão seria uma solução.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Vigésimo quinto

Estes dias . . . Deixam-nos sem tempo, cansados, desanimados . . . Durante mais uma maratona de estudo, teve de imprimir uns documentos. Foi ao escritório e sentou-se na secretária. Não ouvia nada mais que o repetitivo barulho da impressora a puxar e lançar papel numa correria. Entretanto, olhou em frente e viu o armário com as coisas de outros anos. Coisas passadas. Abriu uma gaveta e viu um amontoado de fotos. Pegou numa delas, virou e estava escrita. "Diogo, nove anos". Era a letra da mãe. Nove anos. Nove anos. Onde estão? Como passa tão rápido e não nos apercebemos. Nisso, surge-lhe uma imagem na cabeça. Era um grupo de crianças. Estavam em fila, no cimo de uma estrada, cada um com a sua bicicleta. Eram eles. As tardes e tardes passadas com o guiador na mão a fazer competições "do nada", prémios, vencedores, brincadeiras sem sentido. Brincadeiras. Veio a melancolia da infância. Eram os melhores dias. Os dias que se passavam na rua, juntos, a pensar como seria quando fossem "grandes". Os dias que passavam a sorrir. Os dias que passavam tão rápido. Os dias que passavam com berros de um lado para o outros. Entretanto surge-lhe outra imagem. Desta vez, era numa escola. A sala. O quadro de giz. Os lugares marcados com um simples papel riscado com nomes. A professora. Os colegas. O intervalo que estavam juntos a . . . Um barulho. Era a impressora que acabara de imprimir um rol de folhas. Volta-se. Pousou a foto, fechou a gaveta, agarrou no monte de folhas e desceu . . .

Se fosse como nos filmes, a sensação de "eterna criança" seria algo que se manteria durante anos. Vários. Todos.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Vigésimo quarto

Temos a mãe, o pai, a avó, o avô, o tio, a tia, o primo, a prima, uma linda e grande árvore genealógica. Mas . . . qual deles me conhece melhor? Qual deles sabe quando estou bem? Qual deles me ouve quando estou mal? Qual deles sabe os meus segredos?
Entre mensagens e chamadas, vamos sempre falando e desabafando. Rimo-nos, choramos, chocamos, "cuscamos". . . A troca de vidas é uma acção tão natural que nem nos apercebemos. E os problemas? Sempre que os temos, a quem ligamos? A quem recorremos? Amizade. Amigos. Onde ficam eles nessa grande quantidade de ramos e ligações? Provavelmente, as pessoas mais importantes. Um abraço, um beijo, um toque. Por aqui, dizem que somos muito "bonitinhos". Parece que já não se pode ter amigos verdadeiros. Criticam, falam, espalham. Mas no fim de tudo, rimo-nos e continuamos (juntos). Este ano, está a ser totalmente programado. Agenda. Férias com eles, noites com eles, karaoke com eles, compras com eles. Tudo verdadeiro. Tudo sentido. Tudo junto. Tudo eles . Tudo amigos.


Se fosse como nos filmes, seríamos "Grease". Unidos e felizes (como realmente somos).